QUANDO UM MONGE ME DESEJOU VIVER ATÉ OS 100 ANOS

Total
0
Shares

     

    Eu estava cansado. Fazia muito calor em Mandalay, e eu havia caminhado o dia inteiro sob um sol forte que ardia na pele. Ia de templo em templo e, nas poucas oportunidades que tinha, me abrigava debaixo de qualquer vestígio de sombra.

    Para quem não sabe, Mandalay abriga alguns dos mais lindos e importantes templos budistas não somente do Myanmar, mas de todo o Sudeste Asiático.

    Apesar da dor na sola dos pés e da camiseta suada, ainda havia um último templo para visitar, o Sutaungpyi. Localizado no alto do Mandalay Hill, o lugar oferece uma linda vista da cidade, principalmente durante o pôr do sol.

    Ao lado de um panamenho e de uma alemã, amigos que fiz no hostel, peguei um tuk tuk* até o topo da montanha. O lugar estava relativamente cheio, porém, encontrei um cantinho para tirar fotos do sol que se acomodava, lentamente, sob a planície do vale.

    Depois de mais ou menos uma hora, quando boa parte das pessoas já tinha ido embora, Manuel (o panamenho) disse: “vamos esperar um pouquinho mais para tirarmos fotos do céu alaranjado”. Sem titubear, concordei.

    Voltei para o parapeito, de onde se avistava boa parte de Mandalay, peguei o celular e comecei a tirar fotos outra vez. Então, do nada, eu escuto um “hi”.

    Era um monge budista, o qual veio conversar comigo. Mais tarde, fiquei sabendo que é normal os monges irem ao templo no fim do dia para praticar inglês com os turistas.

    “Hello!”, respondi eu, que na hora, confesso, fiquei até emocionado. Jornalista e curioso por natureza, vi naquela oportunidade a chance de conversar a respeito de diversas questões com ele. À minha cabeça, já vieram temas como “vocês podem casar, ter filhos, deixar os mosteiros?”.

    Acredito que são dúvidas que a maioria das pessoas de países cristãos tem. Para começar, o budismo não é uma religião, mas, sim, uma filosofia de vida baseada nos ensinamentos deixados por Sidarta Gautama, o Buda. 

    Buda, por sua vez, não é visto como um santo, mas como um ser iluminado que encontrou o caminho para o fim do sofrimento.



    Voltando à história do monge, de nome Usá. Enquanto conversávamos, ele me explicava que ser monge era uma decisão pessoal, e que tinha permissão para deixar o mosteiro quando bem entendesse. Ou seja, os monges podem, se assim quiserem, levar uma vida ‘normal’ como a de qualquer outra pessoa.

    Desse modo, ser monge e viver num mosteiro é uma escolha por uma vida simples, meditativa, sem apegos ou gastos desnecessários. Isso se aplica ao modo de se vestir, de comer e também à aparência. Monges budistas, incluindo as mulheres, raspam o cabelo para ficarem livres de vaidades.

    Ao mesmo tempo, Usá perguntava coisas sobre a minha vida, e comentava até algo a respeito do futebol brasileiro. Em um momento, me disse que gostaria de conhecer o Brasil.

    Perguntei sobre a sua idade e se tinha família. Aos 31 anos, na época, Usá disse que tinha família, e que vivia em mosteiros desde criança. Que gostava da vida simples, que era feliz!

    Em seguida, foi a vez de Usá me devolver a pergunta:

    • “How old are you”?
    • “I’m turning 37 today”, respondi.
    • “Today?”
    • “Yes, my friend, today!”

    Sem que eu esperasse, Usá pegou em minha mão e disse algo como: “feliz aniversário, Adriano. Espero que você viva até os 100 anos, espero que tenha felicidade em todos os dias da sua vida”.

    Usá, o monge que me desejou viver até os 100 anos

    Foi bonito, foi diferente, foi inesperado. Jamais em minha vida eu imaginei que faria aniversário num país asíatico, muito menos no exótico Myanmar, muito menos ainda sendo felicitado por um monge que veio trocar algumas palavras em inglês comigo num fim de tarde.

    Ainda conversamos sobre outros temas antes de Usá se despedir. Disse que necessitava voltar ao mosteiro. Foi-se acenando a mão e repetindo “happy birthday, happy birthday”.

    Manuel e Nicole (a alemã) me esperavam para voltarmos ao hostel. Eles ainda queriam sair para comer e beber algo, sem saberem como gosto de aniversários no anonimato. Pegamos o tuk tuk e voltamos. No caminho, conversávamos a respeito do que faríamos no dia seguinte nos arredores de Mandalay. 

    Depois de uns 15 minutos, chegamos ao hostel. Entramos e sentamos numa mesinha para descansarmos um pouco e combinar a hora de sair para jantar. Então, do nada, alguém apaga a luz, e o rapaz que estava na recepção vem em minha direção carregando um bolinho com uma vela no topo. O pessoal que estava por ali me olhava e cantava parabéns.

    Sem eu saber, enquanto visitávamos os pontos turísticos, Manuel e Nicole ligaram para o hostel e pediram para alguém comprar um bolo, já que era o meu aniversário. Aquela cena, simples, foi uma das mais bonitas de toda a minha viagem de um ano. Pessoas que eu acabara de conhecer se importaram com o fato e me fizeram aquela pequena (e enorme) surpresa.

    É por isso que eu digo que viajar oferece experiências únicas e inesquecíveis. É por isso que eu digo que viajar sozinho não significa estar sozinho. Você sempre encontrará alguém para dividir um passeio, uma bebida ou um bolo de aniversário. Talvez, até alguém para te desejar uma vida feliz até os 100 anos de idade.

    *Tuk tuk: moto utilizada para transportar passageiros numa cabine improvisada na parte traseira, o que a torna uma espécie de triciclo. Se trata de um dos principais meios de transporte de países asiáticos.

    Manuel e Nicole, amigos que fiz em Mandalay




    LEIA MAIS CRÔNICAS


    I Dica importante: compre um Seguro Viagem, nem que seja barato

    Eu super indico que você compre um seguro viagem internacional ao viajar, nem que seja um barato.

    Eu sempre compro o meu seguro utilizando o buscador Seguros Promo, que oferece opções baratas e personalizadas. Além disso, se você usar o cupom VIDANAMALA5, ainda ganha até 15% de desconto. Veja uma simulação:

    Seguro Viagem:
    América do Sul
    AC 60 AM. LATINA (Exceto EUA) COVID-19 AC 60 AM. LATINA (Exceto EUA) COVID-19
    Assistência médica USD 60.000
    Bagagem extraviada USD 1.200
    *Valor referente a 7 dias de viagem.
    AC 35 AM. LATINA (Exceto EUA) COVID-19 AC 35 AM. LATINA (Exceto EUA) COVID-19
    Assistência médica USD 35.000
    Bagagem extraviada USD 1.200
    *Valor referente a 7 dias de viagem.
    CORIS 30 BASIC +COVID19 CORIS 30 BASIC +COVID19
    Assistência médica USD 30.000
    Bagagem extraviada USD 1.000
    *Valor referente a 7 dias de viagem.

    E aí, gostou da crônica? Concorda? Discorda? Então deixe o seu comentário abaixo! 😉


    SIGA O VIDA NA MALA NAS REDES SOCIAIS

    Você pode seguir o Vida Na Mala também nas redes sociais e acompanhar dicas em tempo real! Segue lá! Instagram, Facebook e YouTube.

     

    ORGANIZE A SUA VIAGEM

     

    ✈️ VOOS BARATOS: Skyscanner e Kiwi

    🛌🏼 HOSPEDAGEM: Booking.com

    🏥 SEGURO VIAGEM: Seguros Promo

    🎟️ PASSEIOS E ENTRADAS: Get Your Guide

    🚍 TRENS E ÔNIBUS: OMIO

    💳 CARTÃO INTERNACIONAL: WISE

    📲 CHIP INTERNACIONAL: Easysim4u e Viaje Conectado

    🚗 ALUGUEL DE CARRO: Rentcars

     

    VOCÊ FAZ PARTE DA PRODUÇÃO DE CONTEÚDO 

    Planejar a sua viagem com o Vida Na Mala é uma maneira de apoiar o blog! Como? Nós ganhamos uma pequena contribuição a cada vez que você usa um link citado.

    Você não é taxado a mais por isso e ainda nos ajuda a continuar produzindo conteúdo de qualidade! Bacana, né?!

    Total
    0
    Shares
    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    You May Also Like