Fiquei exatamente 1 mês na Bolívia. Foi a minha primeira grande experiência em um país da América do Sul. Eu já havia estado antes na Argentina, Uruguai e Paraguai, mas não por tanto tempo.
Visitei lugares fantásticos e não pude deixar de me prender, também, a algumas particularidades. Falo de algumas diferenças que ainda existem entre o Brasil e outros países do nosso continente. Mas não me refiro a questões culturais, as quais sempre vão existir.
Bem, antes de mais nada, me explico. Até para que o título não soe como algo arrogante. A ideia, nem por 1 segundo, é essa!
Ocorre que a Bolívia tem algumas questões que, quando comparadas ao Brasil, me remetem aos anos 90. Lembranças de quando eu era criança e a vida parecia ser mais leve.
No que me baseei?
Vou dar uns exemplos. Na Bolívia se anda sem o cinto de segurança, sem capacete, e ninguém para para você atravessar a rua. Pedestre não tem vez, nem mesmo na “faixa de segurança”.
Ainda falando em trânsito, a poluição causada pelos carros é muito forte. Há muitos veículos antigos, incluindo os ônibus públicos. Eu me sentia, grande parte do tempo, rodeado por uma fumaça negra e forte. Um táxi acima dos anos 2000? Raridade.
Outro ponto: as feiras. Além de verduras, frutas e legumes, você também verá carne exposta ao ar livre e sem refrigeração. O mesmo ocorre com queijos. E não se vê algum problema nisso, ao contrário do Brasil.
Ah, eu lembro que até um tempo atrás, em período de eleição no Brasil, se podia pintar os muros com os nome e número do candidato apoiado. Lembro que aquilo ficava lá por anos, desbotado e desatualizado. Então, isso ainda ocorre na Bolívia.
Na Bolívia também se vê bastante plástico nas ruas. Sucre e La Paz foram raras exceções.
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Quando a Bolívia nos deixa muito para trás
Como eu disse antes, a comparação não era pejorativa, a qual tentava deixar o Brasil acima do vizinho. Isso porque, em outros aspectos (talvez muito mais importantes), perdemos.
Apesar de a frota brasileira de transporte público ser um pouco mais moderna, me parece menos eficiente. Além disso, o preço da passagem de ônibus no Brasil é insuportável, insustentável.
Na Bolívia, é diferente. Você faz viagens de longas distâncias e paga pouco. Quer um exemplo? Um ônibus entre Chapecó e Porto alegre (menos de 500 km) não sai por menos de R$ 130,00. Além disso, há somente UMA empresa que faz o trajeto. Existe um monopólio desgraçado no Brasil.
O mesmo trajeto na Bolívia não passa dos 80 Bolivianos (ou menos!), algo em torno de R$ 45. Quer mais?
Vamos a Sucre, que tem ao redor de 300 mil habitantes. Sabe o preço do transporte coletivo lá? 1,50 Boliviano por trajeto. Sim, menos de 90 centavos de Real. Na capital La Paz? Entre 1,5 e 3 Bolivianos. Rio e Salvador? Quase R$ 4. São Paulo e Porto Alegre? Mais de R$ 4,00. Curitiba? Quase R$ 5,00!
Quer mais ainda? O teleférico é um transporte urbano e para todos em La Paz. Está por todos os lados, e a passagem única custa somente 3 Bolivianos por trecho. Se integrar, se paga menos ainda.
Porém, pouco me chamou tanto a atenção na Bolívia quanto a questão da segurança. No país vizinho, não se vê assaltos na rua, no sinal. Não se anda com aquele medo de que alguém vai te parar na rua e te meter uma arma na cara. Eu andava tranquilo por todas as partes. Juro. Atento, porém, tranquilo.
Eu até ouvi de um brasileiro que mora em Santa Cruz de la Sierra, que o povo boliviano é muito pacífico. Não consegui discordar. Vale destacar que a cidade tem ao redor de 1,8 milhão de pessoas, ou seja, mais do que muitas cidades brasileiras. Porém, lá se anda com tranquilidade, lá se senta na praça para conversar depois da meia-noite, lá não se carrega nas costas o medo constante.
Ainda há poucos moradores de rua na Bolívia. Não sei dizer o motivo, se existe algum programa público, ou se tem a ver com drogas. E lembre-se que a Bolívia, junto com o Paraguai, está entre os países mais pobres da América do Sul. Não sei, mas se vê pouca gente morando na rua, e isso me deixou muito feliz.
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Voltando ao início
Então, para voltar ao ponto inicial, no qual eu escrevi que a Bolívia é o Brasil dos anos 90, acho que deu para entender um pouco o que eu quis dizer, né?! Não se trata de nada pejorativo ou depreciativo.
Ou seja, em alguns pontos a Bolívia ainda precisa melhorar, como no trânsito, por exemplo. A chance de o pedestre ser atropelado é grande. Por isso, cuidado.
Entretanto, há pontos que fazem a Bolívia ser vista com outros olhos. O fato de poder se viver sem medo tem muito peso na qualidade de vida, muito. E nesse ponto, em específico, espero que continue. O resto, se tira de letra, se muda.
Então, se você tem alguma dúvida em ir para a Bolívia, algum receio, eu digo: vá! Vá e aproveite tudo o que o país vizinho oferece! Tenho certeza de que você voltará com lindas memórias para contar!
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