Havana Cuba Centro Histórico

QUANDO ME PRESENTEARAM COM UM CHARUTO EM CUBA

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    O sol ardia naquela tarde de julho. A claridade fazia refletir o anel dourado, com uma pedra vermelha em cima, o qual usava no dedo mindinho da mão esquerda. Já a outra mão se revezada entre trocar a marcha do carro, limpar o suor da testa com uma toalhinha azul desgastada e fumar um Hollywood mentolado.

    – Estes custam mais caro, mais do que o dobro. Mas eu prefiro fumar algo melhor – diz Delson, ao mesmo tempo que aproveita para olhar as garotas que atravessam a rua. – Tenho certeza de que você vai se apaixonar aqui. As cubanas são lindas – afirma.

    Eu estava sentado ao seu lado, no banco da frente do Lada amarelo e negro. O carro, antigo, era herança da parceria que Cuba teve com a finada União Soviética por décadas.


    – Tá velho, eu sei, mas me leva para todos os lados. Por isso também que cobro mais barato. Os caras aí cobram 10 CUC* mais só por causa do ar-condicionado – diz Delson, se referindo às tarifas cobradas entre o aeroporto José Martí e o centro de Havana, estipuladas em 25 CUC. Ele nos cobrou 15.

    Aí, perguntei do sistema socialista, o qual comemorou o aniversário de ano 60 em janeiro de 2019. Delson, então, me pareceu um pouco mais comedido ao comentar.

    – Olha, Cuba é um país bom para morar, para criar os filhos. Aqui ninguém passa fome, todos estudam de graça, médico não cobra. Aqui não há violência. Mas sinto que poderíamos crescer mais, sei lá. Ter mais opções no dia a dia.

    Cuba, onde se compartilham boas energias

    Eu sei, até agora não contei como fumei o meu primeiro charuto em La Habana. Porém, antes quero dizer que de Cuba fui embora somente com boas lembranças. E a história do charuto tem a ver com isso.

    De que tipo de boas lembranças falo? Do povo cubano. Praticamente te pegam pela mão quando você pede alguma informação. Fazem questão de ajudar, de te fazer sentir bem. Logo no primeiro dia, entramos num restaurante para trocar dinheiro. Pronto, fizemos amizade com as 2 mulheres que lá trabalhavam.

    Durante a semana que estivemos em Havana, passamos lá todos os dias para conversar e rir. Em nosso último dia, saímos todos para tomar um cerveja e nos despedir. Elas, inclusive, levaram os maridos. Nós? Plural? Sim, fui a Cuba com Antonio, um amigo espanhol que fiz em La Paz, na Bolívia, meses antes.

    Acho que o sentimento bom em relação a nós aumentava quando dizíamos que eram mochileiros. O povo entendia que viajávamos com pouca grana, que não éramos “gringos” cheios de dólares.

    – Estamos todos na mesma. Admiro vocês, nos disse um rastafari que conhecemos numa noite no Malecón, quando tomávamos rum e observávamos o movimento das pessoas. Mal sabia ele que, no fundo, éramos nós quem os admirávamos do fundo do coração.

    Havana Cuba Centro Histórico
    Havana é música por toda parte, algo que está no sangue dos cubanos

    DICAS IMPORTANTES PARA A SUA VIAGEM


    No último dia em Havana, um presente clássico

    Comprar um charuto em Cuba não é uma tarefa fácil. Não pela escassez, ao contrário, há por todas as partes. Mas eles são caros, bem caros. Para se ter uma ideia, um charuto cubano considerado bom custa, pelo menos, 8 Dólares. Para um mochileiro, isso pode significar 2 dias em um hostel.

    Mas aí, quem tá na chuva é para se molhar, não é? Então, queríamos encerrar a nossa passagem em Cuba em grande estilo, ou seja, fumando um charuto e tomando um no Malecón.

    Começamos e perguntar na rua, e encontramos um charuto (meia-boca) por 2 Dólares. Resolvido. O acendemos, abrimos a garrafa de rum e saímos caminhando pelas ruas velhas de Havana.

    Aí, enquanto esperávamos para atravessar a rua, um cara parou ao nosso lado. Disse algo como:

    – Que marca estão fumando?

    – A verdade é que não sabemos. Queríamos comprar um charuto para celebrar a nossa última noite em Cuba, disse Antonio.

    – Posso te dizer uma coisa? Não parece bom…

    – Sim, sabemos, mas era o que podíamos comprar…

    – Espera. Toma este aqui. É bem melhor. Disse o homem, tirando um charuto de uma pequena bolsa que levava consigo.

    – Sério?

    – Sério! Se é pra fumar, tem que ser dos bons, disse. Nos sorriu, cruzou a rua e se foi.

    Aquilo nos deixou emocionados. Não por termos algo melhor para fumar, mas, sim, pela ação. Assim foi durante a semana que estivemos em Cuba. Sempre algo bonito nos ocorria, sempre alguém vinha para nos dar uma mão.

    Ou seja, em um país com poucos recursos e castigado econômico e político dos Estados Unidos, o povo continua sorrindo, continua compartilhando. Os 7 dias lá foram uma dose de lindeza que tomamos. Na minha cabeça, um pensamento predominou: eu ainda vou voltar e cruzar esse país de ponta a ponta.

    Havana Cuba Centro Histórico
    A tranquilidade que paira pelas ruas centrais de Havana, a capital e maior cidade de Cuba

    Antes do adeus, um abraço

    Uma semana depois de haver nos deixado no centro histórico, lá estava Delson outra vez para nos levar de volta. Se lembrava de nossos nomes e de onde éramos. Não te parece algo raro para um taxista, o qual transporta dezenas de pessoas todos os dias?

    Um pouco mais solto, nos contou que os 2 filhos estão estudando inglês e praticando esporte. Nos mostrou a foto de proteção de tela do celular, levava a foto da família, incluindo a esposa.

    – Sabe, um pai sempre quer dar para os filhos o que não teve acesso, nos confessava.

    Também quis saber como havia sido o nosso tempo em Cuba, se havia ocorrido tudo bem. Tudo isso acompanhado de seu precioso anel de brilhante, do cigarro Hollywood e da toalha desgastada utilizada para limpar o suor da testa.

    Encostou o carro no aeroporto e, antes de partir, fez questão de desembarcar do veículo para nos dar um abraço de adeus.

    – Espero que regresse pronto, disse em seu espanhol com sotaque caribenho.

    Foi bonito.



    * O CUC (Peso Cubano Conversível), é a moeda criada para o uso dos turistas em Cuba. Equivale a 1 Dólar norte-americano.

    Aliás, na Cuba dos dias atuais, o turismo é uma das principais fontes de ingresso. Poucas são as alternativas para uma ilha que há mais de meio século vive sob o embargo dos Estados Unidos.

    Em 2019, Cuba celebrou o aniversário de número 60 da chamada “Revolução”, a qual tirou do poder o então ditador, Fulgencio Batista. O ato também cortou o direito que os Estados Unidos tinha de intervir nas relações econômicas e políticas da ilha caribenha.


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