Fiquei 4 semanas em Cusco, no Peru. Além de conhecer os pontos turísticos da região, também tive a minha segunda experiência voluntariando num hostel. Lá, também fiz amigos, como o Leandro Steigleder, que igualmente estava de passagem como voluntário.
Depois de anos no mesmo trabalho, ele largou tudo, foi para os Estados Unidos e cruzou o país em bicicleta. Passou por imprevistos, aprendeu com os erros e seguiu.
Mas ele não voltou para casa. De lá, decidiu pegar um voo para Bogotá, na Colômbia, e viajar de bicicleta pela América do Sul. O destino final? O abraço dos pais, na cidade de Cachoeira do Sul, no RS.
É claro que a história chamou muito a minha atenção. Quis saber como é a aventura, quais são as dificuldades, os momentos indescritíveis do caminho. Felizmente, sentamos e ele me contou com detalhes como é viajar de bicicleta: os desafios e o que se colhe em retorno.
Quer saber também como é viajar de bicicleta pela América? Então dá uma olhada na entrevista a seguir.
1 Vida na Mala: cara, quando você começou a viajar de bicicleta?
Leandro: saí do Brasil no no dia 4 de maio de 2018, mas comecei a viajar de bicicleta no dia 3 de junho, nos Estados Unidos.
2 Vida na Mala: mas quando você foi para os Estados Unidos, já tinha a ideia de viajar de bicicleta?
Leandro: sim. Eu levei comigo uma bicicleta do Brasil.
3 Vida na Mala: você já fazia isso no Brasil (viajar de bicicleta)?
Leandro: não. Eu não era ciclista. Aliás, nunca gostei muito de bicicleta (risos). Eu tinha somente uma bicicleta urbana, né, a qual usava para ir ao mercado comprar pão uma vez a cada 2 meses, e olhe lá… tinha sempre que encher o pneu a usar, porque estava sempre vazio!
Já a ideia de viajar de bicicleta surgiu por causa do monotonia do trabalho. Eu estava em Jaraguá do Sul (SC), onde trabalhava há 5 anos com suporte técnico e comercial pelo telefone. Isso o dia inteiro. Era algo sem emoção. Emoção, na verdade, era quando saía da empresa (risos) para fazer algo diferente.
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4 Vida na Mala: que baita troca. Sair do telefone para pegar a estrada. Mas aí você foi aos Estados Unidos para pegar um break?
Leandro: sim. Eu queria sair, queria viajar, mas não sabia muito bem como. Aí, vi uma amiga minha, dos tempos de colégio, viajando pela Europa em Bicicleta. Foi aí que eu tive um estalo.
Comecei a falar com ela, que me disse era muito legal, que talvez eu me interessaria em viajar de bicicleta. Aí, então, isso começou a se tornar realidade. Comecei a pesquisar, a ver bicicletas para comprar. Eu estava no Brasil ainda, e não sabia muito bem que tipo de modelo comprar. Estudei mal e não fiz a escolha certa.
5 Vida na Mala: foi a bicicleta que você levou para os Estados Unidos?
Leandro: sim. Acabei levando uma bicicleta para montanha, a qual não é ideal. Ainda mais se você fizer longos percursos, como é o meu caso.
6 Vida na Mala: e onde você desembarcou nos Estados Unidos?
Leandro: primeiramente, cheguei em Chicago, onde participei do aniversário de 70 anos da minha tia (irmã da minha mãe). Aliás, meio que fui para lá para representar a família. Mas eu não comecei a viajar de bicicleta por lá. Comecei na costa oeste.
Na verdade, a ideia era viajar de bicicleta pela Europa, mas, como ganhei a passagem para os Estados Unidos, mudei os planos. Do mesmo modo, era algo muito interessante.
7 Vida na Mala: você começou em qual cidade?
Leandro: comecei em San Diego, na Califórnia, com a bicicleta que levei do Brasil. Fui até San Francisco. Demorei 2 semanas.
8 Vida na Mala: aí você acabou vendendo a bicicleta?
Leandro: acabei não conseguindo vender, e a doei para uma família. Não tive tempo, e as lojas não compravam.
9 Vida na Mala: e comprou uma nova lá mesmo, em San Francisco?
Leandro: sim. Na região de San Francisco. Aí, no terceiro dia viajando, conheci, em Los Angeles, um americano e um brasileiro.
O brasileiro foi até até San Francisco e voltou ao Brasil. Ele já tinha atravessado os Estados Unidos. Já o americano, tinha saído da costa Flórida, ido até a costa de San Diego e não sabia muito bem para onde seguir. Eu eu disse a ele: “vou até Seattle”. Acabamos indo juntos.
Quando chegamos a Seattle, ele me disse: “bem, vou voltar para casa pedalando, na costa leste. Se quiser, pode me acompanhar”. Como não estava muito seguro dos meus planos, apesar de ter uma passagem comprada para a Ásia, acabei topando. Cancelei a passagem e aceitei o convite dele.
Descemos até o Oregon e, de lá, começamos a rota. Atravessamos as montanhas da região do Colorado até a Virginia. Depois, peguei um ônibus até New York, de onde voei até Bogotá.
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10 Vida na Mala: cruzaram o país juntos, então?
Leandro: sim. Viajamos de bicicleta juntos por 4 meses e meio. Praticamente todo os Estados Unidos.
11 Vida na Mala: e foi bacana?
Leandro: sim, foi uma relação (risos), e, como em toda relação, tivemos altos e baixos. Mas, nos mantemos unidos na maior parte do tempo. Até hoje nos falamos, praticamente todos os dias.
12 Vida na Mala: como você disse antes, nunca tinha feito nada de bicicleta. E como foi isso? Do nada, você faz um trip de 4 meses e meio.
Leandro: a prova de que eu não estava preparado foi a compra errada de bicicleta. Não sabia o que estava fazendo. Acabei aprendendo muita coisa na “marra” mesmo. Hoje entendo que tinha muito mais vontade do que preparo.
Aí, fui aprendendo muito pelo caminho. Comprei equipamentos e roupas certos, melhorando tudo o que podia. E, claro, a gente sai com muito medo, né? Mas a vontade era maior, o que me fez seguir.
13 Vida na Mala: entendo. E o próximo passo foi a América do Sul, não?
Leandro: na metade do caminho nos Estados Unidos, tive que decidir se voltaria para casa ou se, dessa vez, iria para a Ásia. No fim, acabei pegando um voo de Bogotá para a Colômbia.
Além de o clima ajudar, pois começaria o verão no hemisfério sul, ainda tinha o lance de eu não conhecer nada da América do Sul. Também queria ter contato com o espanhol, praticar o idioma.
14 Vida na Mala: e qual a maior dificuldade da estrada, de viajar de bicicleta? Banho, comida, solidão?
Leandro: tem de tudo um pouco, na verdade. Porém, o clima é o que mais atrapalha, principalmente em zona de montanha. Há uma variação muito grande de calor do corpo. Isso faz com que você coloque e tire o casaco a cada 15 minutos. É um grande desafio, o qual te faz perder muito tempo.
E tem os carros também. Por isso, eu estou sempre bem sinalizado, assim como evito viajar à noite.
15 Vida na Mala: acredito que uma grande dúvida do pessoal que está pensando em viajar de bicicleta é a questão de dormir. Como você faz?
Leandro: nos Estados Unidos, acampei muito, pois era muito fácil, barato e seguro. Já na América do Sul, é mais complicado, falta estrutura. Por isso, acabo buscando por hospedagem barata, as quais não passem de 10 Dólares. A única exceção, foi a Bolívia, onde acampei praticamente todo o trecho.
16 Vida na Mala: em relação a voluntariado. Este, em Cusco, é o seu primeiro?
Leandro: não. Acabei fazendo 2 voluntariados no Equador, mas foram em fazendas. Trabalhei em colheita, fazendo café. Foi uma experiência interessante.
17 Vida na Mala: e qual a melhor parte da estrada ao viajar de bicicleta? Isso em termos de sentimento?
Leandro: a sensação de liberdade que se tem ao viajar de bicicleta é incrível. Você só depende de você mesmo. Até quando ocorre algo com a bicicleta, você tem a capacidade de consertá-la e continuar a viagem, diferentemente de um carro.
Então, é a liberdade que a bicicleta te dá, e de saber que só depende somente de você e dela. Tudo que você tem junto, é tudo o que você precisa. Você tem a sua casa, que é a barraca, os utensílios para fazer comida, como o fogareiro…
18 Vida na Mala: você leva junto um fogareiro também?
Leandro: sim, tenho tudo. Tenho uma autonomia de mais ou menos uns 3 ou 4 dias (risos).
19 Vida na Mala: e por falar nisso, a bagagem pesa muito?
Leandro: acho que tudo, com a bicicleta, pesa uns 40 quilos. Levo bastante coisa. Mas, claro, estou viajando há bastante tempo. Se fosse algo mais curto, sem tanta variação de clima, seria mais tranquilo.
20 Vida na Mala: e você chegou a pensar em desistir em algum momento?
Leandro: nos Estados Unidos tive uma lesão na coluna, na qual eu já tinha um problema. Tive uma crise de dor, a qual me impediu de caminhar. Aí, eu perdi o grupo, que seguiu. Esse dia eu pensei que não iria me recuperar para continuar. Achei que tinha acabado ali. Mas foi praticamente a única vez. Não cheguei a pensar em desistir, mas quase tive que parar por causa do problema.
Já no Peru, acabei pegando deserto por 3 dias. Havia muito vento, e eu estava avançando muito pouco. Além disso, não havia variação de paisagem. Era somente areia, deserto. Estava muito difícil e, para não desistir, acabei pegando um ônibus para Lima. De lá, até Cusco. Foi a primeira vez que fiz isso, mas não me arrependo.
21 Vida na Mala: e a sua ideia é chegar até o Brasil, né?
Leandro: minha ideia é chegar até a cas dos meus pais, no Rio Grande do Sul, em Cachoeira do Sul.
22 Vida na Mala: e depois? Algum plano?
Leandro: a ideia é ficar um tempo com meus pais. Não sei, 1, 2 ou 3 meses. Depois, ver o que faço da vida. Quero descobrir, nesse meio tempo, se eu arrumo um emprego no Brasil, se eu viajo de novo… aliás, viajar vai ser um pouco difícil, pois terei que levantar uma grana.
23 Vida na Mala: como você se mantém financeiramente?
Leandro: eu tinha uma grana guardada, do carro que vendi. Além disso, fui demitido da empresa, o que fez com que eu fosse bonificado. Com esse dinheiro, consegui tocar a viagem.
24 Vida na Mala: qual foi o maior aprendizado nesse tempo viajando de bicicleta? O que mudou naquele cara que saiu do Brasil e está cruzando o continente?
Leandro: acho que autoconfiança. Você aprende a confiar mais em você mesmo, ver que tudo depende somente de ti.
Quando você se joga no mundo assim, acaba passando por várias situações complicadas, mas aprende que sempre há maneiras de superá-las. Você aprende que pode sofrer um pouco, mas que tem capacidade de passar por cima.
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